sexta-feira, 11 de abril de 2014

Ovelharoco

Ovelharoco, o reino das ovelhas, é um lugar muito grande e bonito. Por todo o lado se encontram extensos campos que, no Inverno, são verdes e, na Primavera, se vestem das cores do arco-íris. Aqui, não faltam pastagens e grutas nas rochas, que servem para abrigar os habitantes nas noites frias.
Já ninguém se lembra de onde veio, ou como chegou, o rebanho azul ao Ovelharoco, mas todos sabem (porque está escrito no Livro do Reino ), que o rebanho amarelo chegou há 300 séculos.
No Livro do Reino, também está escrito que, quando o rebanho amarelo chegou, foi muito bem recebido.
É que, no princípio dos tempos, o Ovelharoco tinha muito poucas ovelhas e carneiros. Por isso, o rebanho azul ficou muito contente quando o rebanho amarelo chegou e se instalou.
O problema é que, passado algum tempo, percebeu-se que o rebanho amarelo era muito diferente do rebanho azul: não gostava de estar sempre no mesmo lugar, não usava as mesmas grutas mais do que uma estação e, ainda por cima, quando tinham bebés eram logo 7 ou 8 de uma vez.
E tanto o rebanho amarelo andou pelo Ovelharoco, tantos bebés nasceram que um dia, o Carneiro Chefe azul olhou à sua volta e só viu amarelo.
Amarelo da cor do Sol quando nasce, da cor do trigo quando está pronto para colher, da cor do milho que os cordeiros tanto gostam.
Perante esta visão, o Carneiro Chefe Azul arregalou os olhos e carneirou:
- Mau, mau, se não temos cuidado, qualquer dia este rebanho amarelo andante fica-nos com a terra e depois não há pastos para nós.
- Eles não param de nascer – queixou-se uma ovelha azul. Não pensam no futuro, é só ter filhos, filhos, filhos.
- E ainda por cima, andam só de um lado para o outro. Não têm casa, não tomam banho, não vão às reuniões ovelhadas. – acrescentou outra ovelha azul, que não gostava nada das amarelas.
- E que vamos fazer? - perguntou o cordeiro azul comilão, que já estava a imaginar que o milho não ia chegar para ele.
- Vamos expulsá-las – respondeu o Carneiro Chefe Azul – vamos expulsá-las e é já.
- Espera lá amigo! – pediu o Carneiro Velho. Não te esqueças que os amarelos já cá estão há 300 séculos e que foram muito bem recebidos. Têm tanto direito à terra como nós.
Gerou-se um enorme burburinho. Uns concordavam com o Carneiro Chefe Azul, outros, mais tolerantes, pensavam como o Carneiro Velho mas, por maioria, decidiu-se que o rebanho amarelo teria de abandonar Ovelharoco até ao final da semana.
Quando o rebanho amarelo teve conhecimento desta decisão ficou furioso.
A Ovelha Chefe Amarela gritava:
- Era o que mais faltava, abandonar a nossa terra! Quem pensam esses azuis que são para nos mandarem embora?! Já cá estamos há 300 séculos, a terra também nos pertence.

No Ovelharoco instalou-se uma guerra. Os exércitos azuis lutavam contra os exércitos amarelos e muitos carneiros, ovelhas e cordeiros, dos dois rebanhos, perdiam a vida neste confronto.
Dias depois, O Carneiro Chefe Azul e a Ovelha Chefe Amarela olharam para os seus rebanhos e perceberam que já nem metade da população tinham.
O Carneiro Velho exigiu um período de tréguas e uma Assembleia, para se decidir o futuro dos dois rebanhos.
Nessa Assembleia, tanto azuis como amarelos perceberam que tinham cometido um grande erro, que afinal Ovelharoco era um lugar muito grande e nele cabiam muitos rebanhos.
Nessa Assembleia, os amarelos e os azuis perceberam que não faz mal serem diferentes, que cada grupo tem os seus hábitos e costumes e que, se o rebanho amarelo quiser continuar a andar de um lado para o outro está no direito dele.
Os dois grupos assinaram uma Carta de Paz, onde se comprometeram a respeitarem-se uns aos outros e a nunca mais fazer a guerra.
Hoje, no Ovelharoco, azuis e amarelos convivem pacificamente. Pelos campos, da cor do arco-íris, encontramos cordeiros verdes que brincam, contentes, com cordeiros amarelos e azuis.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Lenda da Rosa de Turaida - Letónia

Há muitos séculos, após uma violenta batalha, foi encontrada entre os sobreviventes uma menina que foi levada para o Castelo de Turaida (Jardim de Deus), e baptizada com o nome de Maija.
Maija cresceu no castelo e tornou-se a jovem mais bonita daquela região. De tão linda que era, todos a tratavam por Rosa de Turaida.
De todos os lugares vinham cavaleiros tentar conquistá-la mas, ela amava Viktors, um jardineiro do Castelo de Sigulda.
Para esconder este amor, encontravam-se a meio caminho entre os dois castelos, na Gruta de Gutmanis.
Um dia, chegou a Turaida um cavaleiro polaco que se perdeu de amores pela jovem.

Não sendo correspondido, o cavaleiro começou a segui-la e descobriu que ela amava outro jovem.
Tentando enganá-la escreveu uma carta em nome de Viktors, a pedir que nesse dia se encontrassem mais cedo.
Maija, ao ler a carta, dirigiu-se à Gruta de Gutmanis, mas quando lá chegou, uma desagradável surpresa a esperava: o cavaleiro polaco pronto para a raptar.
Maija tentou fugir, mas o cavaleiro era mais rápido e depressa a apanhou. Então a jovem propôs-lhe que ele a deixasse partir em paz e em troca ela oferecer-lhe-ia um lenço mágico que o protegeria de todos os inimigos.
Para que o cavaleiro não duvidasse dos poderes do lenço, Maija colocou-o em volta do pescoço e pediu-lhe que a tentasse matar.
O cavaleiro assim fez e Maija morreu.
Quando, nesse dia, Viktors entrou na gruta encontrou a sua amada morta e foi acusado do crime.
Um amigo do cavaleiro polaco, compadeceu-se do seu desgosto e contou a verdade.
Viktors sepultou Maija junto à igreja e por cima do seu túmulo semeou uma tília.
A partir desse dia nunca mais foi visto.

 
 
 
 

domingo, 6 de abril de 2014

Lenda do Didgeridoo - Austrália


Há muito, muito tempo, quando as pessoas ainda não tinham casas, andavam sempre a viajar de um lado para o outro.

Quando acabavam as plantas de que elas precisavam para se alimentar, iam embora para outro sítio. Iam sempre atrás dos animais porque também precisavam deles para comer e para se vestirem.

Quando estava muito frio procuravam grutas para se abrigarem e faziam fogueiras.

À noite, as pessoas tinham um bocadinho de medo dos animais ferozes porque estava sempre muito, muito escuro. Então, elas juntavam-se à volta da fogueira e ficavam a conversar e a contar histórias.

Uma noite, um menino que se chamava Burbuk Boon viu que de um dos troncos da fogueira estavam a sair uns bichinhos muito pequeninos: eram térmitas.

Com medo que as térmitas morressem queimadas, Burbuk Boon tirou o tronco da fogueira e viu que ele era oco. Então, levantou-o e soprou para que elas pudessem voar. E à medida que o menino soprava, o som era cada vez mais bonito e as térmitas voavam, voavam cada vez mais alto.

Quando as térmitas chegaram ao céu transformaram-se em estrelas e a partir daquela altura nunca mais houve noite escuras e as pessoas nunca mais tiveram medo. E ficaram tão contentes que, com aquele tronco fizeram o primeiro instrumento musical: o Didgeridoo.

 

 

 

A Cotovia Via... Via... Por que migram as pessoas?


quarta-feira, 2 de abril de 2014

Dia do livro infantil - comemora-o com o Dragão Encantado

O DRAGÃO ENCANTADO

Num reino muito distante, vivia um Rei que tinha um grande desgosto por não ter filhos.
Um dia, andava a rei o caçar nos seus bosques, quando viu uma serpente com os filhos à volta. O rei parou e ficou a ver como a serpente brincava e acarinhava os bebés.
Grossas lágrimas correram pelas suas faces e num sussurro o disse:
- Até uma serpente tem filhos. Só eu não consigo tê-los. Se ao menos tivesse uma serpente para amar!
O Rei continuou a sua caçada e não nunca mais se lembrou deste encontro.
Alguns meses mais tarde, a rainha sua esposa ficou grávida. Enfeitou-se o Palácio, chegaram músicos e malabaristas para receber o tão desejado Príncipe, mas qual não foi o espanto do rei quando viu que afinal o bebé não era um príncipe mas sim uma pequena serpente.
Lembrou-se então o rei do encontro que tinha tido no bosque e das palavras que havia proferido. O seu coração era tão grande que decidiu que amaria aquele animal como se de um príncipe se tratasse.
Quem não ficou nada contente foram os nobres da corte. Todos os dias diziam ao Rei:
- Mande matar o bicho, Senhor, que a crescer desta maneira vai tornar-se um grande dragão e quando já não tiver leite quererá comer as meninas do reino como qualquer dragão que se preze.
Mas o rei fazia de conta que não ouvia e a serpente cresceu, cresceu e num gigantesco dragão se transformou.
Uma noite, guinchou tanto, lançou tantas labaredas que os nobres da corte voltaram a falar com o Rei:
- Senhor nosso Rei, mande matar o bicho que a fome já aperta e logo, logo, vai querer comer meninas.
O rei, só para ver o que eles diziam respondeu-lhes:
- Tragam então as vossas filhas para que ele se alimente, a primeira a ser comida será a do primeiro nobre que falou.
Os nobres arregalaram os olhos de espanto e de medo e cochicharam entre si, dizendo depois ao Rei.
- Com a Vossa permissão, Senhor nosso Rei, não concordamos com essa decisão. Lembre-se o Senhor que, assim que acabarem as nossas filhas, esse monstro vai querer comer as meninas do povo e o povo revoltar-se-á. E lembre-se Vossa Majestade que o povo o pode destronar. Assim, o melhor será irmos roubar as meninas ao reino vizinho.
Com o coração apertado, o Rei afastou-se sem saber o que responder.
Nessa noite, teve um sonho: uma linda fada dizia-lhe:
-
Deixai que os nobres cavaleiros roubem as meninas do reino vizinho. Prometo-vos que todas elas serão devolvidas aos pais inteirinhas. Apenas uma ficará e dessa cuidarei eu.
Quando acordou de manhã, o rei, com o coração cheio de esperança pelas palavras ouvidas, mandou que se fosse ao reino vizinho buscar as meninas.
Ora acontece que nesse reino vivia um pobre homem que tinha duas filhas. A mais velha era linda e bondosa e filha do seu primeiro casamento. A mais nova era muito má e vaidosa.
A mulher deste homem, só tratava bem a sua filha, a quem mimava em demasia. À enteada dava maus tratos e obrigava-a a guardar o gado quer fizesse sol ou chuva.
Foi num destes dias, em que a menina guardava o gado debaixo de um forte temporal, que uma fada lhe apareceu dizendo-lhe:
-
És uma boa menina e eu sou a tua fada madrinha. Se seguires as indicações que te vou dar libertar-te-ás desta vida que levas e serás coroada Princesa.
- Princesa, eu?! – perguntou a menina a rir.
A fada fez aparecer um lindo vestido de seda branca, bordado a ouro e disse-lhe:
- Guarda este vestido sem que ninguém o veja. Só o poderás vestir no dia do teu casamento.
A menina pegou no vestido e escondeu-o por baixo da sua camisa velha e larga.
Nesse momento, a fada desapareceu e apareceram os cavaleiros do rei com uma fila de meninas presas por uma corda.
Rapidamente ela deitou as mãos à terra e apanhando um bocado de lama esfregou a cara e os braços, na tentativa de que não a levassem por lhes parecer muito feia.
Mas os cavaleiros pegaram nela e prenderam-na junto com as outras.
Chegaram ao Palácio ao cair da tarde. Os guinchos do dragão ecoavam pelos corredores e os cavaleiros decidiram escolher a mais feia das meninas para lhe oferecer.
Como a menina tinha a cara coberta de lama, os cavaleiros disseram a gozar:
- A tua hora chegou, mas não te preocupes que nós levamos-te ao Príncipe para que ele case contigo.
Ao ouvir estas palavras a menina vestiu o vestido que a fada lhe dera e ficou tão bonita que os cavaleiros correram dali a pensar que era uma aparição.

Então, sem precisar que lhe indicassem o caminho, a menina dirigiu-se para a sala onde o dragão continuava a guinchar e a lançar labaredas e olhando muito séria para ele gritou-lhe:
- Tu, que és filho de um rei, devias envergonhar-te de quereres comer meninas. Se algo de humano existe em ti, ordeno-te que te apresentes já tal e qual és.
Palavras não eram ditas e já o gigantesco dragão se transformara num jovem e belo Príncipe.
Ao seu lado apareceu a fada que os levou à presença do rei e lhe disse:
-
Vossa Majestade, aqui lhe trago o vosso filho e a Princesa que o libertou do encantamento. Casai-os e mandai que esta história se espalhe pelo mundo para que todos saibam que mesmo escondida por baixo da pele de um monstro se pode encontrar uma boa alma.
O Rei ficou tão feliz que de novo mandou enfeitar o Palácio, chegaram músicos e malabaristas, o Príncipe e a Princesa casaram e viveram felizes para sempre.

Adaptação de uma história tradicional


Mapas do Reino do Dragão Encantado - pelos alunos do Torrão do Lameiro

http://pt.calameo.com/books/000380376f0239ce1da56

Personagens do Reino do Dragão Encantado - pelos alunos do Torrão do ~Lameiro

http://pt.calameo.com/read/000380376ef3df1743fee